segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Catarina


Ele gostava de dizer o nome dela. Catarina. Nome de mulher forte, mulher que ele queria pra si. Ela não gostava do nome dela, achava serio demais. Preferia “Cá”. Cá de Catarina, só que mais suave.
- Não fala meu nome inteiro, parece que esta brigando comigo. Lembra-me a mãe do papai, dizia meu nome inteiro sempre que podia.
Ele dizia Catariana em voz baixa e pausada, dizia por gostar da forma como a boca mexia. Ca-ta-ri-na. Ela era mulher complicada. Enganava facilmente pelo seu jeitinho ‘suave de ser’. Não tinha freios nem donos.
O pai escolheu Catarina e a mãe apenas apelidou de Cá. A mãe queria suavidade e o pai queria força... E ela tinha os dois.
João era calmo e a idolatrava. Ele estava em segundo plano na história, ele era quem gostava mais ou quem gostava sozinho.
Eles não eram um casal. Ela era a Catarina e ele era um carinha de nome pequeno e fácil de lembrar. Às vezes passava a noite na casa dele, ele era um cara legal pena estar apaixonado e viver repetindo o nome dela. Ele afirmava ser lindo, o melhor nome que já ouvirá. Ela queria ser Cá, mas ele insistia em Catarina. Ela nunca chegou a dormir. O sexo era legal, mas ele não acompanhava o ritmo dela. Ele dormia ela via televisão e tinha inspiração pra desenhos. Ele funcionava com um calmante, um detalhe discreto, mas importante na arte dela. Cá nunca disse isso pra ele e não tinha planos de dizer. A paixão de João era um peso que ela tentava levar. As coisas eram boas, mas ele estragou tudo. Ela sempre afirmou que sentimentos confundem estômagos, fazem mãos tremerem e ela é artista... Precisa de serenidade. Nas vezes que precisava dele ela ligava e o usava. - Entenda o usar da forma que preferir.
Não iria dormir enquanto não acabasse um esboço que começou no inicio da tarde. O esboço de uma paisagem que nunca ficaria pronta. Talvez não dormisse nunca mais. Pensa nele. Não liga. Sabe que a inspiração acabou e que ficar olhando para o papel não vai leva-la a lugar nenhum. Cada sabe seu lugar de fuga.
Escreveu o nome dela numa folha e sentiu-se apaixonado. Tão romântico e latino a espera de sua musa. Tomou cervejas e pensou em trabalho. Pensou no tempo e desejou-a. Catarina. Queria saber escrever, sabia que poderia fazer fortunas se reproduzisse alguém tão perfeito quanto ela. Não mascararia nenhum detalhe, faria uma cópia perfeita e com a mesma boca. Triste mesmo seria descrever os lábios dela... Só quem já teve a sorte de ser acariciado por eles entenderiam tal perfeição. João não escrevia, não desenhava e não falava. Apenas dizia “Catarina” Com toda a devoção do mundo.
Ela não queria ser “Catarina”, queria ser “Cá”. Simples e sem devoção.
Catarina.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Esquerda e direita


“Ambos estavam deitados de barriga pra baixo, ela virada pra esquerda e ele pra direita. Quando começaram a dormir estavam abraçados, com o passar das horas, os corpos seguem em suas posições mais confortáveis pra dormir, mas os pés sempre se tocam. Tocam-se, aquecem e acalmam.
Ela pensa que isso poderia acontecer mais vezes, que os dias poderiam ser simples assim.
-
Ela precisa dele, precisa mesmo. Ela nega e nunca vai assumir. Precisar é muito complicado, acaba causando uma “obrigação” na pessoa precisada. Quando notou que precisava dele sentiu o desespero que dá quando você percebe que não vai mais conseguir sozinha. Ir ao mercado, comer, dormir, tomar banho, viver, sofrer e sorrir... Tudo isso seria possível, mas seria melhor se fosse com ele. Os fardos seriam mais leves se ele estivesse presente. Precisar assusta e ela não ia assumir.
Nem tudo deve ser dito, alguns sentimentos devem ser mantidos em confinamento por que eles são tão delicados que o mundo poderia apodrecê-los.
Se entregar é uma tarefa pra poucos, não é simplesmente apertar um botão e pronto. A entrega depende de tudo o que você já viveu, de tudo o que você já sentiu. A cabeça manda, ela é seu reino e só você sabe o que se passa dentro dela. Só você sabe o risco que corre ao se entregar.
-
Ela sentia preguiça e mexia os dedos dos pés. Poderia se dizer feliz, assim que mostrasse que estava acordada, receberia o melhor olhar e o melhor bom dia do mundo.
Acordar não estava nos planos dela, ou melhor, não queria se mexer por que tudo era perfeito naquele momento. Um vento frio entrou pela janela entre aberta e ela pode sentir os pelos se arrepiando. Os pés mexiam na intenção de acorda-lo, repetindo os movimentos com toda a paciência do mundo.
-
Ele sonhava que estava na praia em um dia chuvoso, o mar estava revolto, o vento era frio e congelava o seu corpo. Ele sorria o melhor de seus sorrisos, estava feliz por estar na praia... Até notar que estava sozinho e o dia não estava colaborando. Acordou com o seguinte pensamento:
“Eu só chego na hora e ainda chego achando que tô certo.” 
Acordou mesmo triste e sentiu preguiça de levantar. O cheiro dela estava pelo ar, o mesmo cheiro que sempre fica grudado na sua pela e nas suas roupas. Pensa nela, nos olhos dela e teme estar fazendo as coisas no tempo errado. Ele sabe que ela esta acordada e se pergunta o motivo dela não ter se virado pra ele.
Certas vezes ele queria poder enxergar o que se passa na cabeça dela. Ela deixa uma incerteza no ar e ele fica com a impressão que ela não quer estar ali. Ele se sente um idiota por esperar, mas ele não teve escolha. Um disse desses, ele acordou e quis beija-la, tomou café e quis conversar, o time estava uma merda e ele quis falar. Ai ele notou que precisa dela de alguma forma e quem precisa quer ser precisado de volta. Ele pensa muito no tempo, pensa no tempo deles juntos. Quando ela esta deitada nos braços dele, o tempo passa diferente, passa de forma suave e simples.
-
Ele ficaria por perto mesmo quando ela não pedisse. Ela não iria a nenhum lugar que ele não estivesse. Mas essas palavras nunca seriam ditas, ficariam pressas na relatividade do obvio.
Quem sabe se ela virasse pra direita e ela pra esquerda... Quem sabe dessa forma as coisas seriam mais simples. Talvez se se olhassem mais, as palavras não poderiam se esconder dessa forma.
As vezes eles só precisam mudar um pouco. 

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Aos meus


No primeiro momento eu ri, ri numa atitude desesperada, ri querendo acreditar que fosse uma piada. Senti tanto medo e me calei. Calei minha boca e meus pensamentos... eu ouvia minha respiração e sentia meu coração bater. Por alguns instantes eu quis parar a realidade.
Com o tempo a respiração ficou ofegante e as coisas começaram a fazer sentido... um sentido um pouco confuso. Como se a realidade fosse absurda e a verdade fosse mentira.
Eu chorei por desespero de descrença. Consegui bloquear o pensamento e seguir por umas horas. Eu quase esqueci da realidade mas eu sentia a ausência de um pedacinho do meu sobrenome... um pedaço do meu DNA.
Palavras não poderiam consolar corações e as lembranças vinham como fechas.
Antes de dormir eu lembrei os olhos e do sorriso, lembrei quanto eu amava e ainda amo. E senti saudade, saudade dos detalhes e dos carinhos. Eram sempre tão puros que chegavam a dar paz. Algumas pessoas nascem com o dom de fazer o bem só por existir e quem convive com essas pessoas são abençoadas.
Chorei dentro do avião, chorei olhando o céu nublado. Eu via tudo branco e tentava aceitar. Eu não questionei os motivos de Deus. Eu sei que nada acontece sem a Sua permissão.
A coisa piora quando vemos, quando recebemos uma tapa no rosto dado pela realidade. “Aceite e continue vivendo.” A morte é triste pra quem continua vivendo, é dolorosa pra quem vai continuar vivendo e sentindo a ausência.
O que nos resta é agradecer a Deus pelos dez anos de lembranças boas que tivemos e agradecer por termos sido abençoados com um anjo lindo de olhos claros. O tempo é rei e só vai acalmar meu coração.
Eu sei que você esta descansando nos braços do Senhor, servindo a Ele com todos os talentos que foram concedidos a você.
Neste momento, eu uso o meu talento pra te trazer a memoria, pra lembrar teus abraços, sorrisos, afetos... Lembrar tua voz e como você era querida.
Não sei a forma de terminar esse texto, a dor da saudade criou em mim um silêncio que dificulta o nascer desse texto.
Essa é a verdadeira saudade. Sei que ela não sei ser eternada, mas enquanto eu viver nesse corpo que ainda não voltou ao pó, eu sentirei sua ausência e lembrarei dos teus olhos.
Obrigada. 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Quase negros...


Estou sentada na sombra, sentada em baixo de uma arvore. O mundo parece mais fresquinho daqui. “Sombra e água fresca.” O dia está bonito, o céu está tão azul que chega a dar paz. Andei lendo uns textos antigos, textos de meses.
Eu posso dizer que mudei. Quem diria... Eu mudando. Sim, logo eu! Sempre achei que nunca mudaria. Eu e todo o resto também. Outro dia eu conheci um par de olhos quase negros, esses mesmo olhos que me servem tanto de inspiração. Eles me ensinaram umas coisas, uns jeitos e posições diferentes. Esses que eu aprendi a conhecer de tanto observar. E o dono dos olhos, que eu passei a conhecer por teimosia minha, por querer bem. Eu fui juntando muitos pedacinhos, gestos, olhares e frases. Eu conheci um homem incrível, de olhos lindos e alma encantadora.
Percebi que mudei, e agora?
Choro, agradeço ou entro em pânico? Lembro-me do primeiro texto que fiz. Lembro-me da vontade incrível de não fazer, mas aqueles olhos fizeram existir um texto em mim, então escrevi. Eu costumava ser durona, hoje eu estou tão boba e apaixonada. Escrevendo nos momentos de saudade e de felicidade.
Durante umas semanas eu me questionava “Como eu me deixar apaixonar? Onde errei?” Mas com o tempo eu percebi que eu não tinha muita escolha, aqueles olhos eram os olhos mais apaixonantes que eu já visto na vida. “Como alguém conseguiria não se apaixonar você?”
Eu me apaixonei sem sentir, tentei negar, mas já não conseguia resistir aqueles olhos quase negros.
Qual seria a graça de sentir se o dono dos olhos não puder saber?
Lembro da noite de lua cheia, lembro do inicio onde eu achava que seria só uma coisa boa e logo eu enjoaria, lembro quando me assustei por pensar nele antes de dormir.
Sim, eu mudei e ele nem sabe como eu era antes. Acho que sou melhor assim... Quase nem sinto vergonha de pagar esse tipo de paixão. Ele me faz feliz. Meu homem de quase dois metros, esse que parece um garotinho quando deita na minha barriga pra receber carinho.
Percebi que mudei... E agora?
Agora eu sinto saudade daqueles olhos e do barulho da risada. Saudade da cara de vergonha que me faz rir, do abraço do tamanho do mundo e que acalma meus medos. Saudade da infinidade de palavras que meus olhos me dizem em silêncio.
Percebi que mudei e estou feliz. Mudei e amo ser a primeira coisa que os olhos quase negros veem quando acordam. 

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Um tempo passado

Era mais fácil quando eu era sozinha, não que eu tenha alguém agora, mas antes era mais simples.
Eu dormia todas as noites sozinha e na minha cama cheia de travesseiros. Eu não tinha ninguém mas eu me tinha, continuo sem ter ninguém, mas não me vejo muito por aqui. Não tenho o costume de não me ver, nunca aceitei isso com facilidade. O jogo é divertido, é gostoso, mas eu que estou em jogo, eu que estou ali exposta pra caralho. Eu que espero, que aceito, que entendo, que agrado. Eu que choro, morrendo de medo por não saber de nada.
Eu sou melhor sozinha por que eu cuido de mim, eu sei o que fazer quando eu estou me sentindo.
Sou melhor sozinha por que não gosto de pressionar ninguém, por que não quer ninguém obrigado ao meu lado. É triste quando tudo o que a outra pessoa pode te dar, é pouco pra suprir tudo aquilo que você precisa.
E é mais triste ainda não ter coragem de dizer e aguentar toda a carência sozinha, deitando na cama cheia de travesseiros e sentindo falta de um abraço, passando noites em claro.
Dormindo e acordando sozinha.
E sempre sentindo falta da minha companhia na solidão.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Por falar em saudade...

Mudando de assunto rapidinho, meus seios sentem a falta das tuas mãos. Acho isso muito curioso, como pode uma parte de minha sentir mais a tua falta que outras?
Meus seios se sentem teus mais que as outras partes, como se teu toque fosse o perfeito e minhas mãos não fossem mais dignas de toca-los. Parece de fato absurdo essa saudade toda que ando sentindo de você. A ausência do toque me faz lembrar de tudo, de quase todas as vezes que me tocou, das com suavidade as que me pegou com força. Meu corpo tem a marca das tuas mãos com a suavidade de alguém que sempre me olha com carinho.
O frio não teve pena de mim, passei a tarde perdida em meio aos meus livros, lendo amores e pensando em nós. De todos os temas do mundo eu só consigo pensar em saudade. A semana começou e eu não te dei nenhum beijo de bom dia, ela vai passar e eu não vou poder ir tomar um chopp ou ir ao cinema contigo.
Me deu saudade da estação, de sempre chegar primeiro e na hora de ir embora, ficar enrolando pra ir, só pra poder te curtir mais um pouco. Vir no metro com meu corpo quente e com teu cheiro.
Essa saudade que me aberta num tom de imediato, que me faz chorar como se eu só fosse te ver daqui à anos, são apenas alguns dias, eu sei.
Eu leio e releio seus emails, eu tento abraçar lembranças, eu busco na memoria as coisas que já me disse. Lembro dos teus braços a me envolver e me apertar, como se quisesse ter certeza que eu não iria a nenhum lugar.
Minha cama sente tua falta mesmo sem você nunca ter estado nela.
Dizem que quem tem saudade tem pressa. Eu tenho pressa pra que esses dias passem logo, pra que setembro acabe.
Talvez seja só questão de costume, ou a meus hormônios estejam brincando comigo e causando o suposto exagero, mas eu realmente estou com saudade.
Eu to com saudade do barulho da sua risada, e olha, eu nem sabia que isso era possível.
Sinto falta de todo o seu conjunto, do seu completo. De você. De nós.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Meu jogo, suas regras.

O dia foi de muito calor, o vento não soprava, o relógio não anda. O calor pinica, incomoda, parece minha consciência no momento. Me olho no espelho e me sinto idiota, vejo a forma que os meus amigos me olham e me sinto pior. Ninguém sabe tudo o que já aconteceu e ainda acontece, eu conto pequenas coisas, fatos costumeiros que eu já nem ligo mais, e com a distorção visual que esse sentimento me causou eu chego a achar que tudo é normal.
As vezes eu fico feliz, mas vezes que estamos juntos. Eu queria ser aquela que passa o final de semana junto, mas eu fico feliz em ser o sexo durante a semana, as vezes de manha e as vezes a noite. Eu brinco com seus cabelos desgranhados e tento imaginar uma relação, lhe faço carinhos e o escuto falar sobre as outras. E o que seria eu?
Esses encontros valem os meus dias e destroem as minhas noites, me corroem os sentidos com ciumes. Eu sou uma mulher, tente entender. Quem nunca passou por isso?
Quem nunca aceitou coisas fingindo que não se importa só pra poder estar com a sua paixão? Quem nunca engoliu ciumes a seco pra fazer um estilo de mulher moderna? Quem nunca aceitou foder quando queria amorzinho olho no olho? Quem nunca justificou os erros de um cafajeste com a suporta sinceridade dele?
Ninguém pode me julgar... Só eu. 
Eu ligo o ar do meu quarto e espero a temperatura descer. Deito e penso em tudo. 
Sei que sou mais que isso, mas também sei que preciso dele... daqueles olhos, mãos, cheiro e daquele senso de humor escroto. Os olhos me passam uma Inocência absurda, um olhar de "eu não fiz nada''. A cafajestagem  que faz e diz tudo. Até a barata que suja que sai de um bueiro sabe que ele não me quer. Eu mais do que ninguém sei que se ainda sou o sexo do meio da semana, é por que eu me encolhi e me fiz uma mulher mediócre pra caber na mão dele. 
Ocasionalmente eu me pego com ciumes e jogando indiretas pra mulheres que não teriam capacidade pra frequentar o meu ciclo de amigos, essas mesmas mulheres que não são pior que eu. Somos todas usadas, diminuídas e nos prestamos a esses papeis. Ele faz com que eu me sinta unica mesmo sem ser. Mesmo que seja só por umas horas.
Meu quarto já esta frio, eu me deixo e sinto o corpo relaxar, as lembranças vem como brisa suave com o seu perfume. Um sorriso vem no canto os meus quase ao mesmo tempo que meu cabelos são molhados pelas minhas lagrimas. 
O clima aqui ainda é frio é o relógio não anda, meu celular não toca... Mas eu ainda espero. 
Tão criança que sonha. Tão adolescente imatura. Tão mulher, mulherzinha idiota. 
Eu tenho que esperar, daqui a mais ou menos três dias ele liga, meu dia vai chegar e eu  preciso estar linda. .

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Nada de interessante.


Não me lembro de quando comecei, não sei ao certo quando eu tive a brilhante ideia de escrever as histórias que se passavam pela minha cabeça. Eu faço histórias, eu crio amores, eu crio textos sobre dores. Eu crio com o poder que eu me concedi de escolher os desfechos das histórias, eu faço do jeito que vai ficar mais emocionante. Eu descrevo as emoções que crio, mas não eu não sei descrever as minhas próprias. Um dia alguém me disse que eu me escondo, e que com o passar dos meus anos eu fui mudando de esconderijo.
Palavras sempre tão minhas. Quase sempre tão simples. Letras. Silabas. Palavras. Frases. Textos.
Um dia desses, quem sabe um livro. Mas como dizer o que sinto sem sentir medo de ser ridícula? Sem sentir receio que minhas palavras se transformem e motivo de chacota?  Ao me expor eu deixo de ser só a mente que cria e as mãos que fazem a história existir, eu passo a ser um sentimento, só que dessa vez real.
Eu me acostumei a não sentir, ou melhor, me acostumei a não ligar e fugir. Acostumei-me a sempre ter o conforto de que se desse errado, eu teria textos bons eu teria realidade pra usar como espelho de distorção nos meus textos.
Não tenho planos de sair por ai me expondo, de abrir-me como um livro a ser descoberto. Eu queria me mostrar pra alguém, sem que as palavras sejam aprimoradas na minha cabeça, sem ter a necessidade de me esconder atrás do que eu digo.
O texto acaba aqui, o texto acaba por que não tenho mais palavras. Normalmente ele iria para a minha pasta de incompletos. Ele nasceria e seria esquecido.
Não é bem o tipo de texto que os leitores do blog gostam, não é um tipo de textos que vai ser lido até o fim. Mas ele é um pedaço da verdade, daquela que chega a doer quando sai do peito.
Um pedaço daquilo que não é atraente pra ninguém.

domingo, 26 de agosto de 2012

Bom dia


Quando eu me deito numa cama que não é nossa, na cama que é só minha e o único vestígio do teu cheiro que ela tem esta na minha pele, eu sinto certo desconforto que não consigo explicar. Meu corpo sente a tua falta pelos poros, falta da sua pele junto da minha. Inicialmente eu rolo de um lado pro outro, tento achar uma posição e pego mais travesseiros, mas eu quero mesmo é deitar no teu braço quentinho e sentir teu peito nas minhas costas. Eu me lembro dos detalhes, dos pequenos e do jeito que eu me sinto assim que eu acordo e antes mesmo de abrir os olhos, eu sinto sua pele junto da minha. Nem sempre acordamos abraçados, mas sempre com alguma parte do corpo junta. Eu nunca canso de lembrar das coisas, minha mente ferve de lembranças e eu sorrio. Sorrio dos jeitos mais confortantes possíveis. Lembro-me de como gosto que você deite na minha barriga pra eu te fazer carinhos, tirar todos os seus cachinhos e ficar observando o quanto você é lindo. Ver televisão em silêncio de mãos dadas, deitada no meu peito e ouvindo sua barriga falar. O quarto frio fica quente, nossos corpos se aquecem meu corpo treme, teu corpo treme. Minhas unhas te deixam marcas, marcas do bem que bem que faz, de como me sinto viva e cada dia mais mulher, mais tua.
O tempo que passa rápido, tão veloz e implacável, se torna mais lento quando nos beijamos, quando sinto sua boca tão macia acariciando a minha, nossas mãos entrelaçadas sempre com um singelo carinho, um conforto.
Tento te explicar como me sinto feliz e a forma como me acalma e faz meu coração bater no compasso, sem pressa. Você me faz cocegas e sorrio tão feliz, tão entregue.
Meu corpo esta cansado, mas minha mente esta em paz, tão calma e leve. Visto tua blusa e agarro meu travesseiro, e com todo o carinho eu imagino o seu cheiro, lembro do teu semblante calmo quando dorme e dos teus olhos quase negros que tanto me acalmam.
Agora eu durmo, durmo com meu corpo ainda em brasas pelo teu calor que ainda queima em mim. Dormirei de forma mansa, mas ainda sentindo sua falta na cama, sentindo falta do amor que foi feito, mas ainda tenho marcas no corpo pra manter a chama viva. Durmo porque daqui a pouco você acorda e eu ou acabar acordando também. Acordar pra dormir de novo, mas agora com a paz que o teu “Boa noite” me trás. 

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

L.O.R

Eu me perdi pensando nos olhos quase negros
Olhos que me inspiram e dizem tanto
Mas de fato, deles nada sei.
Esse olhar que me acalma e devora
Mas não sei como me vê.
A boca que me fascina, de sábias palavras
Boca de beijo quente, que me perturba os sentidos
Carnuda e macia, que me tira o foco
Mas que nada me diz.
Meu corpo tem marcas deixadas por suas mãos de desejo
Que me apertam e me roubam um segundo de respiração
. Mãos fortes, maiores que as minhas
Tão hábeis, mas que nada me escreve.
Aquele corpo que tanto me diz
Que nada fala
E mesmo assim eu entendo quase tudo
. Musa não sabe ser poeta
Não domina o campo do dizer
Notar, engrandecer e criar.
Os olhos quase negros do homem que eu possuo
 chamo de meu por abuso
Pela posse da minha arte.
Que pelos meus olhos o fiz musa
E pelos olhos dele
que hoje eu escrevo
O homem que possuo não é de falar
apenas Lê, sorri, me abraça e beija.
|E grandes ficamos assim
tão pequenos em minhas palavras,
E para sempre envaidecidos em meus versos.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Castelo de areia


Essa noite eu sonhei com você, acordei com sem ar e chorando.
No sonho eu te avistava de longe, eu lhe presenteava com meu melhor sorriso e você me devolvia um risinho timido. Eu caminhava na tua direção e você vinha na minha direção.
Minha mente foi se enchendo de planos, não consigo explicar o motivo, mas eu senti algo diferente no teu risinho de lado. Algumas vezes você me olhava nos olhos, e eu catava com desespero qualquer atenção que teus olhos esmolavam à mim. Eu só conseguia te ver vindo. Você cada vez mais perto e eu, tão boba de braços abertos e esperançosos.
Quando finalmente estava pronta pra aquele abraço de cinema, aquele que as pessoas se encontraram correndo, você chegou ate mim e não parou.
Eu fiquei e você continuou correndo, eu sorri acreditando ser uma piada mas você nem olhou pra tras. Eu sentei e chorei até o ar faltar, ai acordei.
Pensei na realidade do sonho e lembrei da forma como me iludi. Você nunca me fez promessas, na realidade nunca me fez nada e hoje olhando melhor, o teu risinho de lado nem é tão charmoso assim. Eu criei a história, te fiz de personagem, bolei o enredo e não te avisei. Talves eu tenha acreditado que isso estava estampado nos meus olhos e nas minhas atitudes.
É triste a sensação de ficar, achar que finalmnte encontrou o que procurava, pensar "É aqui!" e perceber que tudo não passou de uma piadinha do seu cérebro.
Tive preguiça de levantar, senti tanta vergonha por ser boba assim. Vai passar, eu sei que sim. Dor diminui, fica escondida e as vezes passa a doer em outro canto.
A vida passa e a gente muda, a gente aprende, sabe? Quando eu acho que ja sei me cuidar, as armadilhas mudam e eu caio de novo. Eu tenho um coração bobo que se vende por tão pouco, que amolesse com um sorriso e que sofre quando a realidade vem.
Sei que ja não dormirei mais, precisarei de muito tempo pra me culpar. De novo.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Olhos tristes.


Eu acordei tão bonita hoje, eu realmente merecia passar o dia maquiada, merecia ouvir os elogios e olhares que recebi. Minha sombra tinha brilho, o meu blush tinha brilhinhos e minha boca tão rosinha, mas meus olhos estavam tão opacos, tristes, pareciam olhos de vidro. Sabe aquela ausência de brilho que define um olhar que esta com um choro contido? Eu classificaria assim o meu olhar.
Pouco falei, existia um nó tão grande na minha garganta, eu aperto absurdo no meu peito que eu só abria a boca pra soltar aquelas piadinhas acidas, aquele humor amargurado que todos adoram, mas que no fundo é pura tristeza.
Sinto o gosto amargo desse humor na minha boca, essa mesma boca que esta segurando um mundo de sentimentos misturados, essa boca que quer soluçar de tento chorar. Chorar sim, por que também o direito de sentar e se afogar nas próprias lagrimas. Mas eu, a dona dessa boca e de todo o resto, preferi me esconder atrás dessa maquiagem e esconder os meus olhos de tristeza, preferi me calar e fazer os outros rirem com meu humor sádico, daquele tipo que faz piadinha da própria dor, só pra não chorar, só pra provar pra si que aguenta.
Por mim, esse texto nunca seria escrito, ele nasceria na minha cabeça e morreria ao vento, sem nunca ter tido a dignidade de ter um leitor. Mas eu precisei escrever, precisei usar os meus olhos tristes pra chorar, borrei minha maquiagem e estraguei minha mascara. Sou uma mulher, mulherzinha chorando na frente do computador por um motivo que não deveria existir. Esse é o choro de quem não pode fazer nada, só sentar e ficar segurando na minha bandeja de ouro tudo o que eu posso te oferecer, todo o meu melhor e até os meus defeitos, que dependendo do ângulo ficam bonitinhos. Eu to aqui, te aguardando com o meu melhor, só falta você me desejar e vir buscar. Por que eu quero aprender todos os jeitos pra te deixar feliz. Eu já te disse que eu passo seu terno, costuro suas meias e até varro sua varanda. Eu te disse que sou sua.
E bem no momento que eu vou retocar a maquiagem, que eu vou retocar o meu sorriso, percebo o quanto é ruim te desejar tanto e ter que esperar, ter que compreender e ver o teu lado, só por que eu não quero que os teus olhos fiquem tristes, assim desse jeito que os meus estão. E isso faz de mim uma boba, uma boba com olhos tristes e tão seus.
Hoje eu disse pra meio mundo que estava bem, hoje eu quase acreditei na minha mentira.
Culpei minha uma suposta dor de cabeça pelo silêncio, mas a dor real era em outro lugar, porem eu nunca teria coragem de assumir. E no fim do dia, agora eu me sinto uma babaca, mas uma babaca que consegue bem aguentar bem o que sente. Uma babaca que não é fraca.
Uma babaca que só quer a segurança de ter aqueles olhos quase negros à dois segundos dos meus e saber que aqueles olhos, agora tão alegres, brilham por mim. 

sábado, 16 de junho de 2012

Só pra saber se você queria ficar.


Eu quis te ligar, só pra dizer que eu estou sentindo um medo absurdo que você suma da minha vida, quis ligar só pra você me confirmar que quer ficar, pelo por enquanto. Eu quis ligar, eu liguei e você não atendeu, meu medo piorou. Meu medo piorou e eu não podia te explicar. Como te explicar? Eu não sei me explicar.
E eu fico olhando pro meu celular, eu fico esperando o barulhinho de sopro que faz meu coração disparar. Eu canso, a ansiedade me comprime e eu coloco o celular no mudo, tenho vontade de desliga-lo. Odeio ser aquela que fica olhando com esperança pra um celular, e odeio muito mais a necessidade repentina de ouvir sua voz. Odeio ser “a que precisa”, apesar de esporadicamente gostar da sensação. Agora eu quero ser precisada de volta.
Só quero que você apareça e me faça ficar normal de novo. Não quero saber por onde esteva, apesar do medo por achar que esteve com alguém. Quero que você apareça ainda hoje.
Na realidade, eu quero dormir, nunca tive coração pra lidar comigo e não é agora que eu deva te culpar. Eu acabei comigo, simples. 

terça-feira, 12 de junho de 2012

Feliz dia dos namorados :)


Dia doze de junho, dia dos namorados. Quem é solteiro tá na merda, quem esta namorando está feliz e quem está enrolado tá confuso.
Confesso me incomodar com os solteiros que dizem estar muito felizes e satisfeitos com a solidão nesse dia, por que pensem bem, se todos resolvem demostrar amor, carinho, paixão e afeto e o máximo que você recebeu foi um “feliz dia dos namorados” daquele seu amigo ou amiga tão encalhado quanto você, não dá pra se sentir muito querido e desejado.
Eu confesso odiar o dia dos namorados e normalmente, eu já começo a me revoltar quando maio acaba. Já vou me preparando pra ver todo aquele amor, aquele mimimi e esse ano ainda tem toda aquela graça de “não passo o dia do índio com o índio”, e eu te pergunto meu caro amigo, você já desejou passar o dia do índio com um índio? Creio que não.
Não fomos feitos pra sermos sozinhos e esse frio piora tudo, e realmente não é vergonhoso sentir falta de alguém nesse dia, principalmente por que os casais felizes tem aquela preocupação em demostrar pro mundo o sentimento lindo *-*, mas ninguém pensa nos solteiros. Ninguém pensa em ninguém nessa merda, então não há o que fazer.
Revelar toda a sua raiva e solidão nas redes sociais é algo muito justo, já que a rede é social e o que eu vi de declaração hoje não está no gibi.
E por incrível que pareça, eu mal me lembrei que hoje era o dia dos namorados, não desejei que os casais explodissem, ouvi musicas românticas o dia todo e estou incrivelmente romântica. Eu nunca quis passar o dia da arvore com uma arvore, se bem que passar o dia do escritor com um escritor me parece uma ideia linda!
Passar os outros 364 dias do ano solteiro é bacana, nos quatro dias de carnaval é divertidíssimo e por mais que eu tenha passado o dia numa boa, eu adoraria receber flores, um cartão, um poema ou qualquer outra coisa bonitinha de amor, mas eu não recebi e não vou morrer de inveja de quem recebeu. Acho que sou até um ser humano melhor.
Resumo da coisa, relaxa que amanha tudo volta ao normal, as pessoas guardarão o amorzinho pros telefonemas e mensagens no celular, e você vai poder voltar a reclamar que ainda é quarta e desejar a sexta feira. 

domingo, 10 de junho de 2012

Meus pedaços pela rua.


Hoje eu me arrumei pra você, fiz unhas, cabelo, separei a roupa, fiquei linda pra você. Fiz isso tudo chorando por que realmente achei que seria a ultima vez. Sentei no sofá e chorei de novo, só que dessa vez com mais vontade, eu tinha esperanças que as lagrimas secassem e que quando eu te visse, eu poderia estar linda e com cara de forte.
Fui andando até o metro fazendo força pra manter a classe, eu não iria sair chorando pela rua, mas eu estava com tanto medo de perder você que eu deixei uns pedaços meus caírem pelo chão, não tive tempo pra voltar e buscar, eu estava fazendo muita força pra não chorar.
Eu nem sabia se estava fazendo a coisa certa, se eu realmente deveria até você e me abrir mais um pouquinho, te mostrar mais um pedaço do meu coração de moça. Passei muito digna pelas estações de metro que me levam ao seu bairro, não chorei, mas o caminho foi triste e normalmente ele costuma ser tão feliz.
Cheguei antes de você, como de costume. Eu olhei pra rua e estava chovendo e eu chorei de novo, ali em pé no meio de pessoas estranhas que me olhavam, eu não me importei, estava mais preocupada em me recompor pra quando você chegasse.
Você chegou, eu te abracei com o corpo e te beijei com alma. Fomos de mãos dadas de baixo do seu guarda chuva grande, eu grudada em você e morrendo de medo que você me escapasse pelos dedos. O silêncio era perturbador e fazia toda a força do mundo pra não chorar, então pedi pra você falar sobre qualquer coisa só pra eu ouvir sua voz e parar de ouvir minha cabeça. Você zombou das minhas mãos frias e eu morri de medo que você não fosse mais esquenta-las.
Sentamos e eu me enfiei no teu peito, me aconcheguei e chorei, eu estava com tanto medo de nunca mais ter aquele abraço. Você me abraçava e pedia calma, secava minhas lagrimas que rolavam pesadas pelo meu rosto. Você me beijava e eu sabia que já estava chegando a hora. A minha vontade era de agarrar nas suas pernas e dizer:
Não vai, por favor! Eu estou com medo de você não votar.
Cada lagrima que chorei foi uma frase que não consegui dizer, já que quando choro ele vem e dá um nó na minha garganta. Quando eu chorei sem te olhar é por que a minha cabeça fervia de coisas lindas pra te dizer, daquelas que não você se importa, mas que eu sinto e te escrevo do mesmo jeito. Eu apertava forte tua mão e pedia cigarros. Usei meu humor acido pra fazer piada da coisa toda, mas era só eu te olhar nos olhos que meu coração apertava e ficava morrendo de medo. Eu me agarrada no teu pescoço e chora mais um pouco, dizendo que você não tinha culpa de nada, que a vida é assim existem certas coisas que não dependem de nós.
Chegou a hora e você foi me levar na estação, foi a caminhada mais triste da minha vida. Eu apertava sua mão e sentia mais uns pedaços meus caírem pelo chão. Eu estava a 3 minutos do abraço que poderia ser o ultimo, do beijo que poderia finalizar alguma coisa. Eu já estava morta de vergonha, minha cabeça doía e eu só queria que você ficasse. 

sábado, 26 de maio de 2012

Não tenho um titulo pra esse.


Eu disse que os meus olhos ardiam, deve ser por que chorei grande parte da noite. Não te culpei em momento algum, mas senti muito a sua falta. Não consegui direito me livrar do medo e da culpa, culpa que eu mesma coloquei em mim. Chorei baixinho, alto e até de soluçar, chorei escondido embaixo do travesseiro. Chorei sim, mas sem aceitar as lagrimas. Eu comecei a me culpar por ter deixado as coisas chegarem a esse ponto (Fazia tempo que eu não chorava por medo de perder alguém.), mas como alguém conseguiria te conhecer sem se apaixonar por você?
Eu comecei sem medo, achando que ia saber lidar. Às vezes eu consigo até acreditar que eu sou forte. A brincadeira ficou seria e eu não consegui mais desder do brinquedo.
Meus olhos ardem e minha cabeça doí de tanto chorar, eu ousaria supor, se é que essas lágrimas eram reais, mas não foi por causa de você. Você só me arranca suspiros e sorrisos. Você me faz rir igual uma boba, sem motivo algum, me deixa feliz.
Mas meu destino brinca de contar sempre a mesma história, brinca de rir de mim. Destino assombrado e repetido.
É bom pensar em você, desejar você e contar os dias pra poder estar nos seus braços. Você é o homem mais incrível que eu já conheci!  Caso seja necessário, não sei de que forma vou te arrancar da minha rotina, principalmente, por que eu não quero tirar você de lugar nenhum.
Gosto de ser sua... Puta ou não. Quando eu estou presa nos teus braços eu me sinto segura.
Não sei ao certo como as coisas serão daqui pra frente, tenho medo de pensar. Mas sei que vou me acostumaria, nunca permitira que o meu verão ressecasse o seu jardim, mas confesso preferir me acostumar a deitar debaixo de todos os planetas com você.
Ontem eu queria devorar sua presença, te queria ao alcance das mãos, braços e pernas. Ontem que queria ser sua de todos os jeitos. E hoje eu continuo desejando te olhar nos olhos e sentir sua pelo suada na minha.
Gostaria de não ter inseguranças pra ter vontade de escrever isso, não queria achar que tenho motivo pra isso, mesmo sem ter ou tendo. Acho que nunca tinha sido tocada da força como você me tocou, você cativou algo em mim.
“Eu não sei ele sabe o que fez, quando fez o meu peito cantar outra vez.” – Chico B.
Preciso me conter e acalmar essa vontade que eu sinto de te fazer feliz, de espalhar sorrisos pelos seus dias e encher a sua vida de poesia, te tocar do jeito mais lindo. Entregar-te meus versos, tão seus. De te mostrar que você é realmente um homem incrível, bem do jeito que eu te vejo, mesmo com meus olhos ardendo.  Não sei o que pensar, já que muito tempo não tivemos e eu me encontro assim, te desejando de tantas formas. Dizem que essas coisas não precisam de tempo exato pra acontecer, mas de qualquer forma, peço desculpa pelos meus excessos, pela intensidade que me escapa pelos dedos, não sei controlar.
Perto de você, meu corpo fica agitado e eu tenho vontade de te rasgar e devorar inteiro, te resumir a um corpo exausto, e eu do seu lado, tão satisfeita e feliz.
As vontades são igualmente intensas, e algumas tão urgentes.
A de te fazer rir, de desafiar teu ego, de te engrandecer, de sentir teus diferentes perfumes, mas todos sempre tão seus. Das caras de doido que faz quando esta pensando em algo.  O desejo de ver a cor dos seus olhos de acordo com a iluminação. De sentir suas mãos me dominarem e desfalecer de prazer nos teus braços, de tremer sem controle com seu corpo pesando nas minhas costas, de ver suas caras, suas mordidas de lábio enquanto eu controlo por cima, te fazendo e sentindo você tremer. Do mesmo jeito que eu desejo dormir e acordar no seu peito, de te dar beijo de bom dia e te esquentar com meu corpo, mesmo as minhas mãos e meus pés sendo frios.
Eu te desejo tanto, e assim de muitas formas. Meus olhos ardem e minha cabeça doi. Sinto-me frágil assim, tão sua.
E por fim peço desculpas, minhas sinceras desculpas. Não queria ser intensa assim, mas não sei ser de outra forma, te entupo de textos, pra te dizer as coisas que sinto. Mais um texto seu, nosso ou de todos. Acho que não sei me expressar bem por outro meio.
Sou alguém que sente demais, e ainda não saber ser tudo aquilo que é.

domingo, 6 de maio de 2012

Já passou...


Eu estou sentada aqui há algumas horas. Perdi a conta de quantas ondas quebraram sobre as pedras, fazendo com que gotas de agua salgada respingassem na lente dos meus óculos, eu não parei pra limpar, deixei as coisas como estavam. Acendi um cigarro, eu e o vento fumamos. Lembrei-me de você, mas dessa vez, sem melancolia... Lembrei por lembrar, sei que você gostaria daqui. E por lembrar-me do pouco, lembrei-me de tudo. Você não faz mais parte da minha vida há algum tempo, eu quis assim. Mas agora me deu saudade, não sei ao certo de que... Acho que dos seus olhos mesmo. Com certeza você não tem consciência do mal que me causou e nem das cicatrizes que me deixou. Eu teria alguns bons motivos pra te odiar, desejar seus rins ao molho branco, mas já passou.
Não sei se faria algum bem pro seu ego, mas eu sofri, mais até do que eu imaginei que suportava, passei por cima de mim várias vezes e olha que eu nem achava que conseguia fazer isso. De certa forma, você me mostrou que eu não era de ferro e que às vezes, eu ia perder o controle eu não ia morrer por isso (Tudo bem, meu ego ia lá ao negativo, mas eu sobreviveria).
Doeu, chorei por algumas madrugadas, ouvi musicas que me faziam sofrer, depois, passei a evitar aquelas que me lembravam de você. Eu sentia ciúmes fortes, ciúmes que nunca saíram da minha cabeça, eu via coisas e queria chorar, eu lia coisas e sentia meu peito apertar, meu coração saltar e então, eu respirava fundo e assumia as rédeas de mim.
“Você precisa se controlar” eu dizia repetidamente em frente ao espelho, olhando-me nos olhos. Eu decidi que não te queria mais, muito antes de conseguir deixar de te querer, mas o tempo... Ah, o tempo é rei, ele passou e eu vi que tinha feito à escolha certa, e hoje me orgulho disso. Hoje eu posso estar aqui, olhando uma paisagem bonita sem te desejar aqui comigo, consigo lembrar-me do beijo sem sentir um nó no peito, pela certeza que nunca mais acharia igual. A lembrança veio de forma suave, como quando alguém passa o dedo sobre uma cicatriz funda, não dói mais, mas sempre vai saber o que causou aquilo.
Hoje já não vivo igual, meus passos são mais temerosos, confesso, mas me trouxe pra realidade em muitas coisas, no fundo acho até que sou grata.
Pensar em você sempre foi algo indesejado, aquele pensamento intruso feito erva daninha em minha cabeça, mas nessas ultimas vezes, tem sido como lembrar da vez que quebrei a perna, quando eu tinha oito anos.
Não sei se meu choro fez bem pro seu ego, nem sei se você sabe que eu chorei, mas hoje, o fato de não doer mais me faz um bem absurdo. Eu sorrio e mudo os pensamentos, o peito alivia... Já passou.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Menina.


Sou assumidamente medrosa, nunca escondi isso de ninguém, me envergonho, mas não escondo. O medo ja me privou de fazer varias coisas, muitas mesmo, mais até do que eu tenha coragem de admitir, mas saber que ele me priva, nunca me facilitou a possibilidade de passar por cima dele. Confesso conseguir vencer alguns, mas isso acontece com grandes batalhas internas e assinaturas de termos de responsabilidades. Eu me cobro muito mesmo, sempre o fiz, porque veja bem, em algum momento da minha vida eu achei que se eu não aprendesse a me colocar de pé, ninguém o faria por mim. Eu sei me cuidar, e mesmo que eu precise me sacrificar um pouco pra ficar a “salvo”, eu o farei. Acredito que essa confissão seja sincera demais, sei que pagarei o preço por isso, mas eu já me sinto exposta mesmo, como se meus sentimentos estivessem todos sobre uma mesa, disponível pra qualquer um que se interesse. Sinto-me aberta, como um diário de menina. Diário de menina boa, daquelas se envergonham e piram por coisas banais. E mesmo lutando contra, não sei deixar de me sentir assim.
Não sei que solução me dar, mas meu cérebro continua a me questionar. Eu preciso que ele se cale, que relaxe, que me deixe pensar. Preciso ser racional... 1, 2, 3 respira fundo, pensa...
No fundo sei que não há motivo pra tanto medo, e nem sei ao certo do que quero tanto me cuidar. Sou mulher, mas por dentro sou menina, menina que se esconde nos meus olhos e às vezes, me pisa o coração, faz furdunço no meu estômago e me tira a concentração. Faz as besteiras e depois volta chorando, morrendo de medo. Eu cuido dela, porque ela sou eu, já que tenho medos e desejos de menina num corpo de mulher, corpo de mulher medrosa e orgulhosa, mas que precisa ser forte. Nunca sei como as pessoas lidariam com isso, caso soubessem, eu já me acho uma bobona, e me envergonho tanto disso tudo.
Eu preciso relaxar, deixar rolar, não há risco de mortes e umas lagrimas não causam tanto mal assim. Mas como explicar isso tudo pra alguém? Como explicar que eu tenho medo daquilo que eu não conheço, daquilo que vai além do meu reino e do que eu posso controlar. Relaxar significa deixar as coisas acontecerem e curtir, mas me sinto exposta demais pra parar de pensar se realmente eu estou agindo certo. Não quero mais que o medo me pare, mas não sei como fazer pra impedir que ele continue diminuindo a minha velocidade.
Vejo-me nua, e ainda sim não consigo entender como me despi sem perceber.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Te permito


Nunca gostei de ser usada por ninguém
Nunca admiti.
Mas você chega e me usa
usa meu corpo e eu adoro.
e até peço mais...
mais forte
mais fundo.
Você usa como se fosse seu
e ele reponde com aprovaçao
te desejando mais.
A gente se usa
Goza
Fuma junto
E sorri.
Te faço carinho 
Me sinto bem.
O dia chega 
E eu nao tenho vontade de ir.
Você usa meu corpo.
Dele tomou posse.
Eu gosto de te satisfazer
me sentir mulherzinha
Mulherão
Sua, puta.
Pequena e tremula.
Exausta.
Eu gosto, admito
Te permito... Tens o passe livre do meu corpo.
Gosto de você.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Enfim

Enfim! Sim o enfim foi necessário, já que eu te desejei durante todo o dia. E agora, com o meu regresso, eu posso te entregar a minha parte que faltava, te entregar o meu corpo já que a mente nunca deixa de ser sua. Pela manha lembrei dos seus dedos gordinhos, que os dos pés, parecem porquinhos gordinhos. Já pela hora do almoço, eu lembrei dos teus cabelos, da textura, da cor dos fios e do cheiro, nessa hora, eu senti meu peito apertar de saudade e a certeza de que você estaria em casa quando eu chegasse, fez com que eu me sentisse a mulher mais feliz do mundo. Eu senti o calor dos teus olhos em minha nuca, a sua respiração em meus ouvidos... Arrepiei e morri de saudade. Pensei nos seus carinhos, na paz que me trás quando a minha cabeça esta cansada, na esperança que trás quando a minha alma está inquieta e principalmente o desejo que umas mãos conseguem atear em meu corpo.
Desejei-te o dia inteiro, suspirei lá pelas duas, senti que o dia nunca ia passar. Desejei teu beijo, aquele que começa suave, explora meus lábios e arrepia meu corpo. Aquele beijo que beija com tudo, que tem mãos inquietas que exploram o meu corpo e me apertam... Lambi os lábios, mordi o inferior... Droga, que saudade!
Eu sentia saudade de semanas, mas eu estava com você nessa noite, mas acordei sentindo sua fome, sentindo uma vontade desesperada, como se o seu gosto fosse vital para o funcionamento do meu corpo. Lembrei-me do dia do parque, em que ficamos olhando as estrelas e tentando conta-las, vendo as mais brilhantes e as que pareciam estar mais longe. Parecíamos crianças pequenas se esquecendo do mundo pra contar estrelas. Nesse dia você me ensinou a amar a lua, que era sempre tão esquecida por mim. Meu coração bateu sem jeito, arredio, me machucando dentro do peito. O dia parecia não ter fim, e a minha mente já tinha me deixado, ele foi ao teu encontro pra tentar diminuir a minha saudade. Às quatro e meia, eu senti a mesma ansiedade que senti pela manha, um pouco maior, eu ousaria dizer que foi maior, já que a proximidade da hora de voltar pra casa, me causou palpitações.
Na ida pra casa, eu fui feito menina, com um brilho adolescente nos olhos e uma vontade de correr pra chegar mais rápido. Depois de tanto tempo, o meu coração ainda dispara quando eu entro em casa e sinto seu cheiro. E eu fico louca pra sentir esse cheiro misturado com o meu.
Enfim! Enfim teu cheiro e teu toque, enfim um sossego pro meu coração que passou o dia cansando, gritando o teu nome e querendo conforto. Enfim seus braços fortes que me envolvem, e bendita são essas mãos que me banham! Receba meu corpo, esse que se diz seu; ele morreu de saudade, invada-o com amor e habite esse corpo que fica incompleto longe de você. Vem deita aqui, vem respirar o mesmo ar que eu.
Nos teus braços, enfim, eu me sinto em casa.

terça-feira, 27 de março de 2012

A sorte no azar.

Desde o dia que você banhou meus seios, eles tem rejeitado minhas mãos. Aviso-te por espanto, pois, realmente não sei de onde vem tanta harmonia. Não sei se eu deveria estar com medo, às vezes acho que sim, mas sempre acabo achando graça no romantismo do desastre. No meio a tanto azar, dei sorte. O tempo tem voado, acho que andamos rindo demais... Ou então, é o fato de que estamos respirando perto demais, não sei ao certo, mas deve ser isso.
Eu gosto muito do cheiro, principalmente quando fica em mim. E tem os cigarros, que acalmam, tragadas bem fundas pra relaxar uma suposta tensão, e eu acho graça. O gosto da boca o meu preferido, lembra da harmonia que espanta? Então, ela se faz presente aqui também. Por que além de eu gostar do gosto, eu aprecio muito a forma como beija, beija e envolve, como se isso fosse a coisa mais fácil do mundo.
Outra noite, ele calou minha cabeça, logo ela que nunca para de falar. E ainda deixamos uma cama bem bagunçada, tipo aquelas de filme.
Dei sorte ao me sentir pequena, bem pequenininha, ao ponto de ser tirada do chão com facilidade, de poder encostar a cabeça no ombro, de me sentir pequenininha até mesmo quando eu domino por cima.
Ele gosta de números, mas eu prefiro as palavras e por incrível que pareça, a gente consegue falar a mesma língua e como falamos. Os teclados alfanuméricos são realmente coisas lindas dessa vida.

sexta-feira, 23 de março de 2012

De verão.

Hoje a tarde choveu. Chuva forte com ventania, e eu estava na rua, sem guarda chuva. Foi chuva de verão, assim como você, veio desestabilizando tudo sem se importar com as consequências, e depois, indo embora como se a sua missão tivesse sido comprida. Ela me molhou e eu pensei em te ligar, seria engraçado se tivéssemos pego a mesmo chuva. Seria romântico do nosso jeito. Mesmo distantes a mesma chuva nos molharia, confirmando assim a nossa eternidade, que pra você teria bem breve fim, mas que eu ainda não conseguir entender. O jeito foi ir pra casa molhada mesmo, incompleta.
Ele se foi e quebrou todo o romantismo que existia em meus olhos, ficaram uns cacos espalhados pelo chão, esses cacos que eu ainda insisto em catar pra me montar de novo. Quando chegou, me montou perfeita, e depois me espalhou em mim. Tem pedaços meus por todos os lados.
Veio me refrescando, molhando a minha terra seca, me trazendo esperança. E eu não sei como me livrar de todos esses vestígios... Todo esse drama veio por causa de uma chuvinha! Agora a boba esta aqui, relendo poesias antigas e pensando onde é que ele deve estar... Já não penso mais se ele ainda pensa em mim, há um tempo parei de desejar respostas que parassem a dor. As coisas são como são e eu preciso aceitar isso. Não há motivos pra ressentimentos, ele me fez bem o tempo todo, mas passou. Passou e eu fiquei, fiquei aqui, querendo ir junto.
Não curto mais os romantismos de antes, eles me causam dor, a dor da ausência, sabe? Era lindo ver os olhos dele brilhando por causa do jeito que eu via as coisas, quando eu falava da lua e das estrelas, das arvores e de como ficava inquieto pra ler logo o que eu estava escrevendo. Aquela chuva acabou comigo, merda!
Estou com uma vontade louca de ligar e perguntar como eu faço pra me montar e, principalmente, ver se realmente ficou com ele aquele me pedaço importante, aquele que segura o corpo todo. Por que de tudo que conseguir juntar de mim, esses montinhos do meu eu, não fazem o menor sentido. Reconheço cada parte, sei que sou eu, mas não sei onde coloca-las. Tem um terço meu em pilhas e dois terços espalhados pelo mundo.
Hoje a noite não tem lua, é nublada e fria... E eu só queria que ele viesse, não que voltasse, mas que entrasse e me fizesse ser quem eu era antes de olhar naqueles olhos e retribuir aquele sorriso.

domingo, 4 de março de 2012

Sentindo falta de você


Começou a chover e eu fiquei triste. Dias quentes com chuva a noite são sempre românticos eu não tenho ninguém pra abraçar. O meu mal é amar demais, se fosse só carência, tudo bem, porque ela é fácil de ser resolvida. Vai-se ao cinema, jante com alguém, ele te faz carinho e você fica melhor. Mas eu, eu quero amar. Quero borboletas no estomago, quero que alguém sorria ao pensar em mim e quero saber que ele também esta fazendo isso, quero dormir agarrada. Sinto falta acordar com um cheiro no pescoço, de brigar por ciúmes e rir disso depois. Quero ir comprar lingerie da cor preferida dele, fazer a comida preferida. Quero escolher nome de filhos, de planejar filhos. Sinto falta de ser “explorada” só por que ele esta com preguiça, de receber meus óculos na mão quando sou a ultima a acordar, de ser um casal, de ter alguém pra falar sobre meus romantismos bobos e diários. Sinto muita falta de ouvir um eu te amo, de dizer eu te amo. Sinto falta de ser de alguém, sinto falta de ter você, meu amor que ainda não conheci. Quero reconhecer nossos cheiros misturados no lençol da nossa cama, sinto falta disso tudo que ainda não consegui viver. Eu amo demais e nunca amei ninguém, meu coração bate em ironia por isso. Minha família, meus amigos, meus livros, meus autores preferidos são muito amados, as minhas coisas são muito amadas, mas a parte do amor eros esta vazia, então eu fico assim. E por mais que eu tente relaxar, sair e me divertir, conhecer uns caras novos, ou até mesmo sair com os antigos, eu sempre me sinto traindo o cara certo, toda vez que eu encontro um cara errado. Gastando inutilmente a minha intensidade em um relacionamento que eu sei que não vai certo.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A eternidade finita.

Hoje em dia, eu tento me relacionar com ele o menos possível. O melhor seria nunca mais vê-lo, mas ele é o irmão da minha melhor amiga. E o trato mal e a reciproca é sempre verdadeira, mas nos dias de muita saudade, eu evito até olha-lo, faço a mal humorada e evito ficar nos mesmos cômodos. Chego quase a achar graça das piadinhas que ele joga, me chamando de monstro sem educação, e eu morro de rir. Internamente, logicamente.
Gosto quando estamos simpáticos um com o outro, e ele encosta em mim quando fala algo engraçado. Nos raros momentos que ficamos sozinhos, o silêncio era muito intenso, ele me olhava tão fortemente, que o meu ar chegava a faltar. E desde a ultima vez, nós nunca mais tocamos no assunto. No nosso assunto. Eu nunca mais ousei dizer a ele o quanto eu sentia saudade. Eu errei. Ele errou. E algumas pessoas por ai, dizem que o nosso tempo acabou. Ninguém tem certeza do que sinto, e para os mais ousados, que me acusam de mentirosa por afirmar que não o amo mais, eu minto melhor ainda. Por que, veja bem, eu o amo mesmo, e isso me deixa apavorada. Quem nessa vida teve o azar de encontrar o amor da vida da adolescência?
Ele tem uma namorada, menina gente boa, ela me odeia, e isso me faz acreditar que ainda exista vestígios meus dentro daquele peito.
Lembra quando fomos viajar com a turma toda, e decidimos que seria só sexo? A gente sempre assim, achando que se enganar era onda. Não conseguíamos sair do quarto, a vontade de ficar perto um do outro era grande. O tempo todo fingindo que não sentíamos mais nada, e com o passar dos minutos, o sexo virava amorzinho sem que percebêssemos. E foi assim, um amor sem palavras, com carinhos discretos e muitos “eu te amos” presos, como um nó na garganta. Nesse tempo eu vi o quanto é doloroso aprender a segurar um “eu te amo”, a aprendizagem foi tão forte, que eu nunca mais consegui dizer. Aquela semana me faz chorar até hoje.
Eu chorava no chuveiro, e ele dormindo feito uma pedra, exausto. Eu já estava lá a uns trinta minutos, e entrou e eu me virei de costas, pensei que sairia, mas como o sobrenome dele é surpresa, entrou no box, me abraçou forte e cantou pra mim. “Olha, olha nos meus olhos.
Tem um sentimento, uma eternidade, lua, cheia de feitiços
Amei um anjo lindo, que felicidade, amor você nasceu pra mim...”
A agua fria molhava nossos corpos, e eu era aquecida por aquele peito forte... Eu me virei beijando-o, meio desesperadamente, na esperança que minhas palavras fossem entregues assim, boca a boca, e que enfim, ele ficasse. Ficasse e me fizesse ficar.
Ele me tocou de forma suave, me amou de forma firme. Nada foi dito. Eu ouvia teus gemidos como declarações de amor, e quanto mais fundo ele chegava, mais altas eram as minhas juras de eternidade, esse eternidade que nunca chegou pra nós, pelo menos não pra nós dois juntos. Começamos molhados, no meio estávamos secos e transpirando e no fim... No fim nos escolhemos o orgulho e ali foi o mais longe que ele nos permitiria chegar.
Hoje eu estou com muita saudade, ouvindo tudo aquilo que me lembra nós dois. Vejo fotos no computador, pego o celular e penso em ligar pra casa da Babi, quem sabe ele atende... Mas o orgulho nos deixou pra trás, pego uma cerveja, acendo um cigarro e espero passar... Sempre passa.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

As lagrimas secas do meu orgulho.

Ele achou melhor irmos jantar, precisávamos resolver as pendências, dar um jeito nessas pontas soltas de nós dois. Eu não tinha o que dizer, só queria saber como as coisas seriam dali em diante.
Meus passos eram sem rumo, eu realmente estava perdida. Veja bem, eu o amava. A palavra nunca foi minha amiga, mas o orgulho sempre foi o meu companheiro. Ele disse que ia embora, e eu não debati, calei. Quem era eu pra exigir que ele ficasse? Eu sou Alice Morgado, e eu não imploro atenção pra ninguém.
Ele me olhou nos olhos, como quem quisesse ser impedido. Eu não conseguia expressar nenhuma reação. Eu era um corpo de mulher em pé, com uma mente fazendo força pra não explodir de tanta dor. Meus olhos secos demostravam uma falsa apatia, mas por dentro, eu cantava “atrás da porta” pra ele. Eu até quis fazer alguma coisa, mas estava paralisada, sendo torturada internamente. Ele esperou alguma reação, e a única que eu tive foi a de não reagir.
A porta se fechou e eu fiquei sentada atrás dela. Depois de duas horas, eu ainda estava lá, chorando. “E agora, o que faço eu da vida sem você?”
Eu não o procurei, nem pedi pra que volta-se, mas eu nunca o neguei nas diversas vezes que veio até mim. Tentei segura-lo com as minhas pernas, quis prende-lo pelo estomago. Até no coração dele eu quis me esconder, mas nunca o convidei pra ficar.
Eu me arrumei como uma menina que se arruma pra um primeiro encontro. Fiz respostas prontas, demorei dias escolhendo uma roupa. Cheguei a chorar achando que voltaria a acordar ao seu lado. E lá estava eu, com uma pontualidade completamente fora do comum. Fui recebida com um sorriso, “aquele assim, meio de lado, louco por você”, e eu senti medo.
Durante  jantar, eu fui chorar no banheiro três vezes. As minhas palavras de defesa foram totalmente silenciadas, eu olhava pra ele e via meu chão indo embora. Ele disse que me amava, mas que não tinha mais volta, que aquele jantar seria o ultimo. Justificou dizendo que não aguentava mais ser alvo da minha falta de sentimentos. Disse que eu era fria e que a falta de importância que dava pro nosso relacionamento era ridícula! Questionou-me sobre as vezes que ia em casa e eu nunca pedia pra ele ficar, o tratava como um rei, mas nunca fazia questão da companhia dele. Nesse momento, eu senti um nó no peito, quis sacudi-lo, dizer o quanto o amava e explicar tudo, mas em vez disso, eu fui embora. Ele queria que eu me humilhasse e isso não ia acontecer. Eu fui embora, deixei o amor da minha vida pra atrás, sentado em um restaurante. Depois disso, eu nunca mais fui feliz de verdade. Não por estar sem ele, mas por ter sido incapaz de tentar o fazer acreditar que ele é o meu mundo. Hoje sou uma “sem teto” orgulhosa, mas não me orgulho nada disso.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Uma linha nem tão tênue assim.

O dia começa a clarear, aquela pontinha alaranjada surgindo de baixo do mar, ele começa a ficar lindo e eu aqui, sentada em frente ao mar lembrando de você. E essa tão simples beleza, me lembra da beleza dos dias que nunca chegamos a ter. O vento me descabela toda, assim como você sempre fez. Eu desisto e deito... Metade do céu tem estrelas e o outro lado tem um tom alaranjado que faz o mundo brilhar. Eu nunca tinha visto nada como aquilo, já tinha visto outros nascer do sol, mas nunca tinha me atentado no céu, mas antes eu não conhecia você e meu mundo ainda era vago. Meio noite, meio dia e eu ali, bem naquela linha tênue que os separa. Uma pena que a linha que nos separa não seja tão tênue assim. O alaranjado vem tomando conta do céu, vem tomando posse do que é dele, trazendo o dia e a beleza pra todos, e pra mim, ela traz o seu rosto, como um presente de tortura.
Vejo pessoas, observo amores, e às vezes até sinto sabores, mas nunca o seu. Como seria se você estivesse aqui comigo? Como era lindo poder observar as mesmas paisagens que você. Como seria se eu voltasse a ser sua...
O sol vem vindo com pressa, parece querer sumir logo com essa escuridão linda, ele vem pra simplificar a visão, mas a areia continua fria, eu ainda sou fria. Talvez eu esteja no lugar certo.
A canga é grande, tem espaço pra dois. Tem espaço pra você, sempre tem. Onde eu abito sempre há vaga pro teu cheiro. O mar fez poças d’agua na areia e isso é tão lindo, ver o céu por esse espelho. O céu no chão, tão perto de mim, tão impossível e simples, como esse amor.
Sentimos sua falta, eu, o lóbulo da minha orelha, o meu umbigo, o interior das minhas coxas, os meus braços imobilizados por você, os meus sinais por você descobertos, todos nós juramos que sem a sua voz, seu olhar, seu cheiro e seus pelos, tudo fica mais difícil. O dia veio e abriu a porta pros clichês, eles vieram me visitar. Os pássaros vêm e vão e você continua aqui, tão em mim. Depois de tantas apresentações, o sol finalmente nasce lindo e forte. O brilho intenso faz com que as minhas pupilas se contraiam. Ele aquece meu rosto, ilumina meu corpo. O céu esta lindo, todo azul claro, sem nuvens, vazio. Vazio como eu, mas o meu vazio é todo preenchido por você.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Eu prefiro você longe

- Você não esta no direito de falar nada, de pedir nada e muito menos de tentar justificar nada. Você tem que ficar sentado ai e me ouvir. Por que eu devo ter cara de idiota, de ombro bom pra chorar ou sei lá. Quanto tempo se passou mesmo? Você se lembra?
- Quase quatro anos...
- Quase quatro anos que você...
- Quase quatro anos que eu sumi.
- Então meu “melhor amigo”, depois de você ter arrumado aquela vadia. Sim vadia, eu a chamo de jeito que eu bem entender. Você sumiu, você simplesmente me deixou, parou de me atender, não me recebeu mais na sua casa, me excluiu das redes sociais, evitou os lugares onde eu estaria. O meu suposto melhor amigo, você seu filho da puta, que passou uma semana na minha casa, chorando no meu ombro por que os seus pais tinham se separado. E depois que voltou pra sua casa, continuou chorando no meu ombro por isso.  Quando você brigava com o seu pai era pro meu numero que você ligava às quatro da manhã. Eu era sua melhor amiga. Porra, você seria o primeiro padrinho do meu casamento, o padrinho mais legal do meu filho. Erámos como irmãos, irmãos escolhidos pelo coração. Você pedia conselhos a mim, e eu sempre te ajudei com suas mulheres. Até que você a conheceu, não sei que tipo de xoxota mágica ela tem, mas ela conseguiu te afastar de mim, te afastar da minha família que também era sua, já que você frequentava a minha casa desde que você tinha 14 anos. Mas voltando a sua xoxotinha mágica, ela te roubou, você foi embora e não me deu nenhuma explicação.
- A culpa não foi só dela...
- Na moral, não defende ela! Eu sei que a culpa não foi dela, afinal, ela não era nada minha. O erro foi teu, foi você, mesmo sabendo da importância que eu dou pra coisas (coisinhas e detalhes), foi você que mandou uma caixa pra minha casa com tudo o que eu tinha te dado. Porra, tu tem noção de como eu fiquei na merda? Tem noção do quanto eu me senti traída?
Erámos amigos merda, o que ela achou? Achou que o amor ia surgir logo agora que ela tinha aparecido?
Eu perdi o meu melhor amigo, eu perdi a única pessoa que sabia de tudo, sabia de todos os meus medos, as minhas dores e que sabia mais do que ninguém que eu não ia conseguir me virar sozinha! Em que momento você deixou de se preocupar comigo? Você quebrou suas promessas, não me ligou nos meus aniversários. Caralho, tu fingia que eu não existia!
- Eu... Me perdoa...
- Lembra a festa de aniversário da Tayla? Aquela festa que milagrosamente você foi, mesmo sabendo que eu estava lá? Lembra que você agiu como se eu fosse uma estranha, uma pessoa que você nunca tinha visto na vida? E você era o meu melhor amigo, Eu me senti um nada cara.
Olha, eu sei que a minha mãe deixou você entrar. Olha aqui, essa é a caixa das coisas, nas nossas coisas que você me mandou de volta, mandou eu me desfazer. Faz o que quiser com ela, joga fora... Foda-se também. Eu sabia que você ia voltar, sabia que quando ela te largasse, você ia ficar assim, sozinho e o meu colo seria o único lugar que você ia se sentir seguro. Mas esse colo não é mais seu. Nesses quase quatro anos, eu me prometi todos os dias que eu não manteria mais nenhum tipo de amizade contigo, que eu deixaria você se foder sozinho.
Pega a caixa e sai do meu quarto, fique a vontade pra continuar não fazendo parte da minha vida.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Deitada.

Deitada, respirando alto, respirando fundo. A cabeça esta fazendo hora extra hoje, sem tempo nenhum pra relaxar. A mão esta apoiada no peito, por pura medida de precaução, em algum momento, alguma coisa pode saltar dali. Suspiros. Admite estar com medo, um medo bem grande quase que um pavor. Sente uns nós na garganta, no peito e nos olhos, isso explica perfeitamente a dificuldade de se expressar, de sentir e de chorar. Eu consigo ver tudo daqui.
Ela tem medo da instabilidade emocional dele, da instabilidade que o julga ter. Então ela foge, se justifica e sofre. Por não entender a intensidade, por pisar num terreno onde os caminhos não são conhecidos e principalmente, por não ter certeza se vai conseguir controlar isso tudo dentro do maltratado peito. Quando olha em volta, percebe que o domínio não é dela, que as regras não foram escritas pelo seu punho. Mas mesmo assim ela quer, quer sair por ai vivendo as emoções da vida, a espontaneidade de quem age por impulso... Mas ela não sabe, ninguém a ensinou a ser assim.
Eu olho pra ela e vejo a confusão em seus olhos, sinto o medo nas lagrimas caladas, lagrimas que rolam fugidas, sendo eliminadas antes mesmo que consigam ter a dignidade de rolar por todo rosto. Lagrimas ilegais. Ela não quer chorar... ninguém quer ser fraca aqui.
Respira em silêncio, tenta ouvir o coração bater. Pega o celular, quer ligar... Desiste.
O medo habita o seu coração e ele não consegue entender isso, ela é insegura e ele só piora tudo.
Quer desistir, sumir, fugir de tudo aquilo que faz com que os seus sentimentos e emoções saiam do seu controle. Tudo esta muito confuso, e ela só quer aquele peito pra se acalmar. Quer a calmaria de quem causou o desespero.