domingo, 6 de maio de 2012

Já passou...


Eu estou sentada aqui há algumas horas. Perdi a conta de quantas ondas quebraram sobre as pedras, fazendo com que gotas de agua salgada respingassem na lente dos meus óculos, eu não parei pra limpar, deixei as coisas como estavam. Acendi um cigarro, eu e o vento fumamos. Lembrei-me de você, mas dessa vez, sem melancolia... Lembrei por lembrar, sei que você gostaria daqui. E por lembrar-me do pouco, lembrei-me de tudo. Você não faz mais parte da minha vida há algum tempo, eu quis assim. Mas agora me deu saudade, não sei ao certo de que... Acho que dos seus olhos mesmo. Com certeza você não tem consciência do mal que me causou e nem das cicatrizes que me deixou. Eu teria alguns bons motivos pra te odiar, desejar seus rins ao molho branco, mas já passou.
Não sei se faria algum bem pro seu ego, mas eu sofri, mais até do que eu imaginei que suportava, passei por cima de mim várias vezes e olha que eu nem achava que conseguia fazer isso. De certa forma, você me mostrou que eu não era de ferro e que às vezes, eu ia perder o controle eu não ia morrer por isso (Tudo bem, meu ego ia lá ao negativo, mas eu sobreviveria).
Doeu, chorei por algumas madrugadas, ouvi musicas que me faziam sofrer, depois, passei a evitar aquelas que me lembravam de você. Eu sentia ciúmes fortes, ciúmes que nunca saíram da minha cabeça, eu via coisas e queria chorar, eu lia coisas e sentia meu peito apertar, meu coração saltar e então, eu respirava fundo e assumia as rédeas de mim.
“Você precisa se controlar” eu dizia repetidamente em frente ao espelho, olhando-me nos olhos. Eu decidi que não te queria mais, muito antes de conseguir deixar de te querer, mas o tempo... Ah, o tempo é rei, ele passou e eu vi que tinha feito à escolha certa, e hoje me orgulho disso. Hoje eu posso estar aqui, olhando uma paisagem bonita sem te desejar aqui comigo, consigo lembrar-me do beijo sem sentir um nó no peito, pela certeza que nunca mais acharia igual. A lembrança veio de forma suave, como quando alguém passa o dedo sobre uma cicatriz funda, não dói mais, mas sempre vai saber o que causou aquilo.
Hoje já não vivo igual, meus passos são mais temerosos, confesso, mas me trouxe pra realidade em muitas coisas, no fundo acho até que sou grata.
Pensar em você sempre foi algo indesejado, aquele pensamento intruso feito erva daninha em minha cabeça, mas nessas ultimas vezes, tem sido como lembrar da vez que quebrei a perna, quando eu tinha oito anos.
Não sei se meu choro fez bem pro seu ego, nem sei se você sabe que eu chorei, mas hoje, o fato de não doer mais me faz um bem absurdo. Eu sorrio e mudo os pensamentos, o peito alivia... Já passou.

4 comentários:

  1. "Não sei se meu choro fez bem pro seu ego, nem sei se você sabe que eu chorei, mas hoje, o fato de não doer mais me faz um bem absurdo. Eu sorrio e mudo os pensamentos, o peito alivia... Já passou."

    cara...muito muito muito lindo, eu nem vou dizer mais que é um dos meus preferidos, pq eu acho isso de todos...mas eu já me vi tanto nessa situação...

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  2. Adorei seu blog, querida!
    Continue escrevendo e encantando as letras. Não há nada melhor que brincar com as palavras!
    Convido você a tomar um cafezinho no meu blog também.

    http://www.aquiloqueapelegrita.blogspot.com.br/

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  3. Ai ai, essa menina está cada dia melhor. :)
    Te amo!

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  4. Sentimentos transcritos por palavras Jiulliana você faz isso muito bem!

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