quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Aos meus


No primeiro momento eu ri, ri numa atitude desesperada, ri querendo acreditar que fosse uma piada. Senti tanto medo e me calei. Calei minha boca e meus pensamentos... eu ouvia minha respiração e sentia meu coração bater. Por alguns instantes eu quis parar a realidade.
Com o tempo a respiração ficou ofegante e as coisas começaram a fazer sentido... um sentido um pouco confuso. Como se a realidade fosse absurda e a verdade fosse mentira.
Eu chorei por desespero de descrença. Consegui bloquear o pensamento e seguir por umas horas. Eu quase esqueci da realidade mas eu sentia a ausência de um pedacinho do meu sobrenome... um pedaço do meu DNA.
Palavras não poderiam consolar corações e as lembranças vinham como fechas.
Antes de dormir eu lembrei os olhos e do sorriso, lembrei quanto eu amava e ainda amo. E senti saudade, saudade dos detalhes e dos carinhos. Eram sempre tão puros que chegavam a dar paz. Algumas pessoas nascem com o dom de fazer o bem só por existir e quem convive com essas pessoas são abençoadas.
Chorei dentro do avião, chorei olhando o céu nublado. Eu via tudo branco e tentava aceitar. Eu não questionei os motivos de Deus. Eu sei que nada acontece sem a Sua permissão.
A coisa piora quando vemos, quando recebemos uma tapa no rosto dado pela realidade. “Aceite e continue vivendo.” A morte é triste pra quem continua vivendo, é dolorosa pra quem vai continuar vivendo e sentindo a ausência.
O que nos resta é agradecer a Deus pelos dez anos de lembranças boas que tivemos e agradecer por termos sido abençoados com um anjo lindo de olhos claros. O tempo é rei e só vai acalmar meu coração.
Eu sei que você esta descansando nos braços do Senhor, servindo a Ele com todos os talentos que foram concedidos a você.
Neste momento, eu uso o meu talento pra te trazer a memoria, pra lembrar teus abraços, sorrisos, afetos... Lembrar tua voz e como você era querida.
Não sei a forma de terminar esse texto, a dor da saudade criou em mim um silêncio que dificulta o nascer desse texto.
Essa é a verdadeira saudade. Sei que ela não sei ser eternada, mas enquanto eu viver nesse corpo que ainda não voltou ao pó, eu sentirei sua ausência e lembrarei dos teus olhos.
Obrigada. 

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